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SAUDADES DO TEMPO EM QUE CONVERSAR SOBRE POLÍTICA ERA ATÉ DIVERTIDO

  • Foto do escritor: Jeff Peixoto
    Jeff Peixoto
  • 6 de fev. de 2019
  • 2 min de leitura

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Eu tenho muito orgulho de ter feito parte de uma geração que conseguia dialogar sobre futebol, religião e política sem animosidades. Mas esta mesma geração acabou se perdendo e foi a partir dela que se cravou como uma Lei nunca legislada que o mesmo trinômio era proibido de ser debatido, pois seria certo o desfecho beligerante, não importando com quem fosse, nem entre a família. Aliás, entre parentes, naquelas reuniões familiares, era que a coisa esquentava mesmo. E acho que toda essa polarização horrenda de opiniões, sem mais a astúcia e cordialidade do saber falar e, principalmente, do saber ouvir. Não era preciso que as pessoas com ideias antagônicas concordassem ao final, mas havia até um desejo de ser convencido, era isso mesmo: “Por favor, me dê argumentos convincentes de que eu estou errado!”. E não doía se sentir errado, pois na verdade significava se sentir renovado. Afinal, só não muda de opinião quem não as tem.


Essa minha análise social não tem nenhum alcance acadêmico e, se fosse uma pesquisa, não serviria para nada, já que o meu recorte sociodemográfico não se classificaria como amostragem, traço apenas o convívio de meia dúzia de amigos que buscavam tão somente um pretexto para que a bebedeira no bar tivesse um tempo mais longo e, para isso, nada melhor do que atirar à mesa temas que envolvessem religião, futebol e política. As horas e o papo rendiam, assim como o uísque também.


Nos tempos atuais, isso se tornou um grave câncer social e dialogal. Faz-se tensa qualquer reunião de pessoas quando algum partícipe traz à baila uma menção sobre o atual cenário político. Ih! Lá vem treta! E você pode apostar, vai dar confusão. E não demora! Os discursos esbaforidos já tomam conta da rodinha de amigos, cada qual com seu político de estimação, muitas vezes replicando factóides veiculados na mais nova sensação do “jornalismo”, os memes. E essa treta não é só no tête-à-tête, a coisa segue pelas redes sociais da vida, Whataspp, então? Vixe! Já vi até mãe e filho se engalfinhando para acabar um bloqueando o outro. Um é reacionário, o outro esquerdopata, tem o fascista, o nazista, o imbecil, o que “se acha”, o elitista de merda, o jumento, o maconheiro vagabundo... tem para todo gosto!


E aí eu ainda fico tentando amenizar os conflitos, mudando de assunto, oferecendo um brinde a qualquer coisa, mas não tem jeito, as pessoas querem mesmo é esbravejar, querem o conflito pelo conflito, pois isso é o que as alimenta nesse nosso (louco) novo momento. Ah! Como eu tenho saudade do tempo em que conversar sobre política era até divertido! Sobre futebol e religião também. Parece que misturaram tudo num caldeirão fervente só.

 
 
 

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©2019 por Jeff Peixoto.
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