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A SOCIEDADE E O VAR

  • Foto do escritor: Jeff Peixoto
    Jeff Peixoto
  • 11 de fev. de 2019
  • 2 min de leitura

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Para quem não acompanha o futebol e não sabe o que é o VAR, explico: VAR é o Video Assistant Referee, ou seja, é o árbitro assistente de vídeo. Trata-se de um advento tecnológico no qual uma equipe em uma salinha diante de vários monitores e recursos televisivos de edição resolvem prontamente algumas questões que o árbitro em campo não é capaz de solucionar a olho nu.


Tudo muito simples! Uma bola que pega na mão de um zagueiro na área e o árbitro não vê, a equipe do VAR comunica e a justiça é feita com o pênalti marcado. Parece perfeito, não é? Mas não é. Principalmente no Brasil, o advento que veio para melhorar o futebol, parece estar criando mais problemas do que quando não existia. Mas a culpa é da tecnologia ou das pessoas? Advinhem... atletas, técnicos e dirigentes estão conseguindo macular a maior revolução na história do esporte bretão, tudo porque a verdade e a justiça parece só servir quando nos favorece.


A irritação das pessoas com o VAR simboliza exatamente a nossa essência de querer levar vantagem em tudo, a tal Lei de Gerson. Da mesma forma como a sociedade condena as câmeras de segurança espalhadas pela cidade, a realização de blitze e todas as medidas de controle de infrações. Vem-me à cabeça que o brasileiro gosta mesmo é da bagunça, da apropriação de direitos exclusivos em detrimento de leis que devem ser aplicadas para todos. Há aquele jargão ridículo “tem lei que não pega no Brasil”. Como assim, senhoras e senhores? Se é lei é para ser cumprida, não existe esse mecanismo de escolha pessoal para selecionarmos em quais regras nos enquadraremos.


Pois saibam que quando o futebol surgiu, lá no século XIX, nem sequer existia a figura do árbitro. Todas as infrações eram dirimidas em campo pelo próprios partícipes do jogo. É lógico que isso não durou muito tempo. O caos sempre ocupava o lugar que deveria ser do bom senso e tudo terminava em pancadaria. Então criaram uma espécie de “comissão” que ficava fora de campo e julgava os casos conflituosos, como se fosse a Suprema Corte do jogo. E isso também não funcionou. Os membros dessas comissões quase sempre eram defenestrados das partidas. Aí, o tempo passou, veio a figura do árbitro em campo com seu apito, o “juiz” – como gostamos de dizer no Brasil. E esse elemento passou a ser hostilizado e desrespeitado. Então chegou o VAR e o apedrejamento ocorre mais rápido que eu podia imaginar.


O problema não são as leis, não são as câmeras, não são as regras... o problema talvez seja o nosso conceito errôneo de cidadania e de civilidade. Neste país queremos levar vantagem em tudo, não havendo um processo de empatia diante das situações conflituosas. Sempre acreditei, desde garoto, no que minha avó Peixoto dizia: “O seu direito termina quando começa o do outro”. No entanto, em meio ao estado caótico em que nossa sociedade se encontra, diante da máxima de minha avó eu me sinto obrigado a desenhar um retângulo no ar, como fazem os árbitros em campo, e pedir o auxílio do VAR. Será que minha avó estava realmente certa?







 
 
 

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©2019 por Jeff Peixoto.
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